quarta-feira, 23 de junho de 2010

Como Pallotti via a si mesmo


Todo ser humano tem a capacidade de ver-se e de compreender-se, ao menos de certa maneira, pois do contrário ninguém poderia dizer algo a respeito de si mesmo.
Vicente Pallotti teve uma grande idéia de si mesmo, graças à sua grande sensibilidade e inteligência.
À luz da revelação divina, e a partir da sua inteligência enriquecida e iluminada pela fé cristã, viu a sua origem, o seu destino, a sua identidade e o sentido da sua vida e da sua morte.

Descobriu-se filho de pais amorosos e santos, mas sobretudo descobriu-se amado e querido infinitamente por Deus Uno e Trino, criado à sua imagem e semelhança.
Em 1849, Vicente Pallotti escrevia, ainda mais admirado e aturdido, diante da grandeza da sua dignidade humano-divina:
Iluminado pela santa fé, recordo que Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”.

Mas como a fé me diz que Deus não tem corpo, por isso deve-se entender que o homem na alma é criado à imagem e semelhança de Deus, de maneira que nossa alma é um ser vivo espiritual racional que tem como distintivo seu ser viva imagem de Deus, de todo Deus.
Vicente Pallotti descobria-se, à luz da fé cristã, como uma criatura especial de Deus Uno e Trino, santificada por ele e alvo de seu amor infinito e de sua misericórdia infinita.

O sentido da sua vida era cumprir a vontade de Deus e a vontade de Deus era que ele fosse um imitador de Jesus Cristo, seu irmão primogênito.
Por isso, Vicente Pallotti queria que toda a vida de Cristo fosse a sua vida. A sua maior felicidade era sentir-se amado infinitamente, loucamente por Deus.
Diante da grandeza da bondade e da misericórdia infinita de Deus Uno e Trino, Vicente Pallotti descobre a sua pequenez, o seu nada, pois tudo o que ele é vem de Deus e de si mesmo nada tem.
Mas o ser humano pode dar-se a Deus, entregar-se a Ele, cumprir sua vontade cujo objetivo é sempre a realização plena de suas criaturas e, no caso do ser humano, a participação plena na própria vida e felicidade divina.

Mas a criatura humana pode também negar-se a Deus, pode separar-se dEle, iludida de poder ser ela mesma Deus. E aqui está o pecado.
O pecado como o mau uso da liberdade ou o abuso dos dons recebidos de Deus. O bom uso da liberdade consiste em fazer bom uso dos dons divinos, dos dons da natureza e da graça.

Deus nos deu o livre arbítrio para que com a ajuda da sua graça nos sirvamos dele para aperfeiçoar a nossa alma enquanto é viva imagem dele mesmo. Deus me deu o livre arbítrio, dom necessário para poder merecer, ao fazer o bem.

Devo aproveitar o dom do livre arbítrio para aperfeiçoar de modo meritório a minha alma enquanto é viva imagem de Deus uno na essência e trino nas pessoas, infinito nos seus divinos atributos e perfeições, para que, depois da vida presente, chegue a ser semelhante a Deus na glória por toda a eternidade.

“Meu Deus, vós me destes o dom do livre arbítrio, para que, em toda a minha vida, com todos os pensamentos da mente, com todos os afetos do coração, com todas as palavras da língua e com todas as obras, também as mínimas, chegue a aperfeiçoar meritoriamente a minha alma”.

“O nada e o pecado são todas as minhas riquezas: nada e pecado é toda a minha vida, mas pela caridade de Deus e por sua piíssima misericórdia toda a vida de nosso Senhor Jesus Cristo é minha vida.
Nada e pecado

Mas por que Vicente Pallotti se diz “nada e pecado?”. Ao confrontar-se com Deus, ele vê que de fato ele é nada. Mas por outra parte vê que esse nada, que é ele mesmo, pode revoltar-se contra Deus, pode separar-se de Deus, pode pecar. Por isso, ele afirma que a única coisa que é própria dele, não de Deus, é o pecado.
Ao encarnar-se, o Filho de Deus assumiu a natureza humana carregada de pecados e, por isso, sentiu todo o seu peso e quis dar a sua vida para libertar a natureza humana do pecado.

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